Toda grande feira varejista tem se debruçado sobre os conflitos de gerações. Nos últimos anos, a geração Z tomou conta das principais discussões sobre consumo e mercado de trabalho. E, agora, a geração Alpha também tem feito parte dessa questão, com seus primeiros integrantes no auge da adolescência.&nbsp;É o momento das empresas se dedicarem às novas gerações.



Segundo&nbsp; dados do último Censo, a geração Alpha (nascidos entre 2010 e 2025) representa aproximadamente 19% da população, enquanto a geração (nascidos entre 1995 a 2009) já são representados por cerca de 22% dos brasileiros. Ou seja, quase metade da população brasileira está abaixo dos 30 anos. Isso significa que muitas destas pessoas já são ativas economicamente, consomem e trabalham em supermercados ou em algum negócio relacionado à cadeia supermercadista.



Apesar dos números indicarem que não é possível ignorar esse público, o mercado ainda enfrenta desafios na transição de gerações. Comportamentos &#8211; de consumo ou trabalho &#8211; ainda são vistos com certa desconfiança. Mas, afinal, como as marcas e tomadores de decisão do varejo devem olhar para os mais jovens?&nbsp;



<h2 class="wp-block-heading">Novo perfil de consumo&nbsp;</h2>



Em relação aos consumidores das gerações mais novas, uma mudança impacta as marcas. Ao invés do tradicional funil do Marketing, os jovens passam por um “looping infinito de inspiração, exploração, comunidade e lealdade”, de acordo com uma análise da agência de cultura jovem Archival, dos Estados Unidos. A lealdade, mais influente para outras gerações, agora precisa ser conquistada quase que diariamente.&nbsp;



Além disso, novas formas de consumir demandas das empresas produtos e serviços mais inovadores e que atendam uma classe mais tecnológica. Gisah Moreira Akel, especialista em Marketing que mediou um painel sobre Trade Marketing, chamou a atenção para as características de cada geração, que naturalmente mudam o padrão de consumo. E, claro, tanto a indústria quanto o varejo precisam estar atentos a essas mudanças. “A gente entende a mudança de comportamento do consumo a partir da mudança de rotina em três aspectos. E um desses aspectos é a perspectiva das competências. As novas gerações têm perdido algumas habilidades, como cozinhar, costurar, os fazeres manuais de um modo geral. Em compensação, já nascem nativos digitais, usando a IA com muito mais facilidade e habilidade. E, com isso, ele muda o perfil do que ele deseja consumir”, destaca.&nbsp;



Durante o painel, a profissional dividiu com Dashiel Machado e Maykon Machado, gerentes de duas grandes indústrias nacionais, insights sobre uma ferramenta preditiva, que melhora a tomada de decisão para o futuro. Como isso se relaciona com os conflitos geracionais? Não basta apenas entender o que as gerações estão fazendo, mas também de que maneira vão se comportar nos próximos anos. “Precisamos entender que não devemos olhar apenas para a série histórica. Precisamos olhar para cenário futuro. Não somos a repetição do passado”, determina.



<h2 class="wp-block-heading">Novo perfil de trabalho</h2>



No mundo todo, a geração Z deve apresentar um terço de toda a força de trabalho, segundo estimativas do Fórum Econômico Mundial. Mas justamente na geração que mais se preocupa em estar em um trabalho que ofereça possibilidades, preocupação com saúde mental e flexibilidade, eles são os mais insatisfeitos.&nbsp;



Segundo uma pesquisa promovida pelo LinkedIn, 68% dos trabalhadores desta geração desejam sair do emprego em 2025. O índice está acima da média nacional (de 60%). Além disso, de acordo com a consultoria global Deloitte, 40% dos jovens se dizem estressados a todo o tempo &#8211; 36% motivados pelo ambiente de trabalho.&nbsp;



Para Michelle Taminato, é necessária uma autocrítica dos empregadores. Afinal, estamos diante não apenas do futuro do trabalho. A geração Z já é realidade; e a Alpha já está dando seus primeiros passos no mercado. “A gente precisa começar a compreender e acolher as diferenças. Cada geração vem com uma característica, um histórico, um contexto social completamente distinto. Temos que criar, a partir das diferentes perspectivas, uma melhor cultura organizacional. Estamos em um momento de ter humildade como gestores para compreender que a juventude traz algo de novo para melhorar nossos negócios”, disse a consultora de cultura organizacional.



<h2 class="wp-block-heading">A percepção das marcas sobre as novas gerações</h2>



Durante a ExpoApras, conversamos com representantes de empresas para conhecer diferentes pontos de vista sobre os novos públicos consumidores.&nbsp;



Para Carlos Bueno Junior, CEO da Pilot Self, as empresas devem focar no conceito de experiência do cliente, que é ainda mais demandado pelos jovens. “Precisamos realmente aprender com esse público e entender as diferenças que ele exige. Precisamos criar uma boa experiência. Nesse entendimento, o olhar na experiência do cliente é fundamental, com operações mais tecnológicas, mais rápidas, interativas, com app, com a ferramenta que ele tem na mão. Temos que focar nisso”, comenta.&nbsp;



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Já Lucas Stival, gerente de Vendas e Logística da Caldo Bom, destaca a experiência da própria marca, que criou produtos adaptados a essas demandas. “A nova geração é de muita praticidade. Na Caldo Bom, estamos desenvolvendo há dois anos uma linha de produtos a vapor, alinhado a essa tendência de mercado das próximas gerações”, conta.



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Outro aspecto citado foi a publicidade, que também deve ser pensada para alcançar esse público tão conectado. “É muito desafiador. Para nós, particularmente, fazemos produtos para pessoas de todas as idades, inclusive crianças. E hoje a gente percebe que eles estão mais antenados. Devemos nos preocupar com o tipo de publicidade que vamos fazer para essas gerações”, ressalta André Nicolau, diretor da Vidal Life.



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O diretor comercial da Marquespan, João Paulo Lima, por sua vez, falou sobre esse conflito geracional e destacou também a preocupação com a saúde mental, discussão que cresceu com as gerações mais novas.



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José Henrique Tomasson, diretor comercial da Bacco, destacou o crescimento das duas gerações e a busca por um estil ode vida mais saudável. Com isso, a marca tem se adaptado também a este perfil.



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DeOlhoNoMercado, o blog da RPC, Afiliada Globo. Entrevistas e matérias sobre mercado, setores, boas práticas, tendências, comportamento e consumo no Paraná.

Novo contingente de consumo e trabalho demanda adaptação dos players de mercado 