O mercado está diante de uma transformação silenciosa, mas profunda. A Geração Alpha, formada por crianças e pré-adolescentes que cresceram em meio a assistentes virtuais, games, redes sociais e inteligência artificial, está moldando o comportamento de consumo do futuro.&nbsp;



Mais do que um público emergente, eles representam o primeiro grupo de consumidores totalmente digital nativo. Segundo estudo do Grupo Alexandria, 94% dos pais millennials afirmam que os filhos participam ativamente das decisões de compra da família, desde a escolha do destino das férias até o iogurte que entra na geladeira. Isso faz com que as marcas precisem enxergar as crianças como decisores de consumo com voz ativa.&nbsp;



Conectados, curiosos e exigentes: o novo perfil de consumo&nbsp;



Para essa geração, a publicidade tradicional perdeu espaço. Campanhas que interrompem o que eles estão assistindo são rapidamente ignoradas. Em vez disso, a conexão se constrói por meio de experiências imersivas, interações digitais e conteúdo que envolve criatividade.&nbsp;



Isso significa que games, influenciadores virtuais e experiências imersivas, como ambientes 3D e realidades aumentadas, tendem a se consolidar como canais estratégicos para atingir esse público.&nbsp;



Personalização e propósito: o que move a geração Alpha&nbsp;



As famílias estão menores e o convívio social mais restrito, o que faz com que a personalização ganhe ainda mais relevância. Para esses jovens, não basta consumir, é preciso se identificar.&nbsp;&nbsp;



Ao mesmo tempo, a geração Alpha cresce com uma visão muito clara sobre o papel das marcas na sociedade: questões ambientais estão no centro de suas preocupações.&nbsp;&nbsp;



Novas linguagens e o fim dos rótulos&nbsp;



A Geração Alpha rejeita classificações rígidas &#8211; sejam de gênero, comportamento ou consumo – e essa fluidez se reflete na forma como assistem, jogam, se vestem e escolhem produtos. As marcas precisam falar com eles sem rótulos, ou seja, comunicar sem estereótipos e abraçar formatos híbridos, onde entretenimento, esporte, tecnologia e cultura se misturam naturalmente.&nbsp;



Códigos visuais e a influência da adultização&nbsp;



O universo infantil mudou e personagens caricatos e produtos ultra coloridos estão perdendo espaço para estéticas mais minimalistas, sofisticadas e digitais. Essa “adultização” visual reflete a influência dos ambientes virtuais e do conteúdo que consomem nas redes.&nbsp;



Em projetos recentes de branding e embalagens, marcas de produtos infantis já estão adotando layouts mais próximos da linguagem digital, conectando-se melhor à estética dessa geração.&nbsp;



Fragmentação cultural e novos ícones&nbsp;



As referências culturais da geração Alpha são múltiplas e descentralizadas. Ídolos do K-pop convivem com criadores brasileiros, e uma criança pode gostar tanto de um jogo online quanto de uma banda clássica.&nbsp;



Isso fragmenta o poder dos grandes influenciadores e exige que as marcas busquem narrativas mais plurais e representativas. Além disso, o avanço dos influenciadores virtuais gerados por inteligência artificial está sendo bem recebido por esse público, que enxerga essas figuras como parte natural do ambiente digital.&nbsp;



Desafio para as marcas: construir relevância constante&nbsp;



O futuro do marketing infantil não é sobre resgatar o passado, mas sobre a constante reinvenção. Para empresas, o grande desafio é criar experiências alinhadas às expectativas dessa geração, sem perder autenticidade nem tentar forçar uma linguagem que não é a sua.

DeOlhoNoMercado, o blog da RPC, Afiliada Globo. Entrevistas e matérias sobre mercado, setores, boas práticas, tendências, comportamento e consumo no Paraná.